Na última segunda-feira (6/3) um dos grandes donos de bar de São Paulo partiu de supetão. Pouco afeito aos holofotes, o incansável Werner Heying comandava, junto com o irmão Carlos, o Zur Alten Mühle — a melhor e mais autêntica taverna alemã da cidade, fundada pelo pai deles, o imigrante Wilhelm (1929-2001), na Rua Princesa Isabel, no Brooklin.
Será difícil olhar por detrás do imutável balcão de madeira escura da casa e não encontrar o sempre gentil e sorridente Werner com boas histórias para contar.
Natural de Taboão da Serra, ele trabalhava no Zur desde a abertura da casa, em 1980, quando tinha 21 anos. Sempre cuidou do bar à noite, enquanto o irmão Carlos, o ‘Kaly’, que começou a dar expediente lá dois anos depois, zelava pelos afazeres do dia.
Pessoalmente, tenho um carinho especial pelo Zur por frequentá-lo desde os 20 anos.
Meus amigos de faculdade ainda gostam de ser reunir lá, como fazíamos mais de 25 anos atrás — época em que o fígado ainda permitia acompanhar váaaarias rodadas de chope com steinhäger alemão a zero grau.
O endereço do Brooklin fez sua fama nos quatro cantos da cidade pelo chope, de primeiríssima. A velha chopeira refrigerada a gelo em formato de barril (foto) foi aposentada, mas a nova, maior e elétrica, dá conta do recado.
Aliás, numa época em que Brahma e Antarctica eram arquirrivais (antes da criação da AmBev), o Zur era um dos raros bares de São Paulo que servia o chope Antarctica, mais levinho. Só deixou de fazê-lo e passou a oferecer o Brahma em 2006, quando a AmBev deixou de distribuir o chope Antarctica para os bares paulistanos.
Duas pedidas certeiras para petiscar são o bouletten (34,80 reais; 6 unidades; foto), bolinho de carne de fritura sequinha e crocante, e os deliciosos canapés no pão preto (37,80 reais; foto), como o de linguiça blumenau.
Para os familiarizados com picância, Werner começou a disponibilizar na casa três mostardas superpotentes que ele mesmo turbinava com essência de mostarda (um óleo forte, extraído da semente). A sensação na boca lembra a da raiz-forte. São três níveis de ardência, sendo o mais forte deles quase insano.
A casa oferece também chopes importados em seus copos próprios — o alemão de trigo Paulaner (38 reais; 450 mililitros; foto) e o celebrado tcheco Pilsner Urquell (39,50 reais; 500 mililitros), do qual saem 80 litros por semana.
Obrigado, Herr Heying!
Vida longa ao Zur!