Restaurante de cozinha amazônica mais premiado de Manaus, Banzeiro chega a SP

A história de Felipe Schaedler é curiosa. Nascido na pequena Maravilha, no oeste de Santa Catarina, mudou-se ainda na adolescência com a família para o Amazonas. Lá, encantou-se pelos sabores da floresta, embrenhou-se por rios e tribos indígenas, estudou gastronomia e abriu em 2009 o Banzeiro, o mais premiado restaurante de cozinha amazônica de Manaus.

Eis a boa notícia para os paulistanos: dez anos depois de criar o célebre restaurante de Manaus, o chef resolveu apostar numa filial da casa no Itaim. Instalou-se no fim de agosto no ponto onde era o Side, na Rua Tabapuã.

Um dos desafios do Banzeiro paulistano está na logística de algumas matérias-primas frescas, trazidas de Manaus por via terrestre, em cadeia refrigerada, ou aérea, dependendo da urgência. É o caso, por exemplo, de três dos principais peixes de água-doce da fauna aquática amazônica — pirarucu, tambaqui e matrinxã.

Tanto nas entradas como nos pratos principais, as receitas à moda manauara ganham toques autorais de Schaedler.

Com instigante sabor de capim-santo, as formigas saúvas (18 reais) são apresentadas sobre espuma fria de mandioquinha.

Também boas pedidas para abrir o apetite são a sardinha de rio frita (13 reais) e as interessantes lâminas de pirarucu curadas no missô (38 reais; foto), servidas com a típica farinha de mandioca de Uarini — redondinha e mais dura.

Por outro lado, falta ajustar as costelinhas de tambaqui agridoce (42 reais; quatro unidades), lambuzadas numa caramelada e grudenta redução de açúcar mascavo, shoyu e vinagre que ofusca o sabor do pescado.

Ainda que o menu dê destaque aos peixes inteiros para compartilhar, como o matrinxã recheado de farofa de banana assado na folha de bananeira (129 reais; para duas pessoas), os maiores acertos estão nos pratos individuais, alguns em porção não muito generosa.

Para os vegetarianos, a sugestão recai sobre o arroz com cogumelos coletados por índios ianomâmis (61 reais). Preparada no forno a lenha, a receita é finalizada com ovo cozido em baixa temperatura e queijo de cabra.

Melhor ainda é a coxa e sobrecoxa de pato servida com arroz e regada no momento que chega à mesa por um rico caldo de tucupi (65 reais; foto). Também fez bonito a ventrecha de pirarucu (67 reais; foto). Nele, a posta extraída do ventre do peixe chega com purê de banana-da-terra, num contraste doce-salgado.

Para arrematar, há sorvetes de fabricação própria, entre os quais se destaca o de cumaru.

Banzeiro — São Paulo (@banzeirosp)
Rua Tabapuã, 830, Itaim Bibi, tel.: (11) 2501-4777.
Terça a sexta, 12h/15h30 e 19h/23h30;
Sábado, 12h/16h30 e 19h/0h;
Domingo, 12h/16h30;
Fecha às segundas-feiras.



HIGHLIGHTS
Banzeiro

Faixa de Preço: $$
Tipo de Cozinha: Amazônica

Jornalista paulistano, foi crítico de bares da revista Veja São Paulo durante dez anos (2003 a 2013) — período em que escreveu e foi jurado das edições anuais Comer e Beber. Antes, trabalhou como colunista do Estadão (de 1994 a 2001) e colaborou para o Jornal da Tarde e revista Época São Paulo. Em 2014, criou o Taste and Fly, onde publica semanalmente posts sobre os melhores bares e restaurantes de São Paulo além de dicas de viagem e bebidas.

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